Livro: "Rei Dos Reis"

Mitrídates parece ter sido o primeiro soberano parta que tomou o título de “Rei dos Reis”. O título era um dos favoritos dos antigos monarcas assírios e persas, mas não foi adotado nem pelos Selêucidas nem pelos reis gregos da Báctria. Seu reavivamento implicou uma distinta pretensão ao domínio da Ásia Ocidental que tinha pertencido antigamente aos assírios e aos persas, e que foi, em tempos posteriores, formalmente reivindicado por Artaxerxes, o fundador do novo reino Persa. Monarcas partas anteriores contentaram-se em se autodenominar “o rei”, ou “o Grande Rei”. Mitrídates é “o Rei dos Reis, o grande e ilustre Ársaces.” Ele parece ter sido um daqueles raros indivíduos a quem foi dado unir os poderes que formam o conquistador com aqueles que constituem o bem-sucedido organizador de um Estado. Corajoso e empreendedor na guerra, pronto para aproveitar uma ocasião e torná-la a melhor vantagem, nem mesmo avesso às severidades onde elas pareciam ser necessárias, ele ainda não sentia amargura em relação àqueles que resistiram às suas armas, mas estava pronto para ser amigo assim que sua resistência cessasse. Suave, clemente, filantropo, ele conciliou aqueles que subjugou facilmente, e, pelos esforços de alguns anos, conseguiu formar um domínio que durou sem sofrimento e mutilação por quase quatro séculos. Apesar de não ter sido dignificado com o epíteto de Ótimo, ele estava além de todos como o maior dos monarcas partas. Tempos posteriores fizeram mais justiça a ele do que seus contemporâneos, e, quando os nomes de quase todos os outros reis caíram no esquecimento, ele manteve sua honra, e a colocou em pé de igualdade com o fundador original da independência parta.