Livro: "Susie: GUERREIRA INESQUECÍVEL"

Seu Nascimento
Eu estava casada há três meses, morando no interior de Minas Gerais, numa pequenina cidade chamada Itanhomi. A cidade era tão pequena. Havia uma rua principal, a catedral católica com sua praça, um pequeno hospital para servir à comunidade, escola, pequeno comércio, uma igrejinha Presbiteriana, uma Metodista e um povo amigo e acolhedor.
Morávamos ao lado da casa paroquial, aonde os roceiros vinham, montados em cavalos e os deixavam amarrados no grande quintal contíguo à nossa casa e iam para a missa dominical.
A igreja católica tinha seu sino que chamava diariamente para as missas rezadas pelo Padre Manoel, que ficou amigo do Paulo. As músicas do Padre Zezinho eram colocadas todos os domingos e enchiam a cidade com suas mensagens sobre a família. Eu gostava de ouvir, e até decorei:
Num certo dia, a beira mar,apareceu um jovem galileu.Ninguém podia imaginarque alguém pudesse amardo jeito que ele amava…E seu nome era Jesus de Nazaré:Sua fama se espalhoue todos vinham vero fenômeno do jovem pregador,que tinha tanto amor…
Eu tinha acabado de completar dezenove anos e tinha carinha de menina… Quantas vezes algum vendedor batia à porta de nossa casa e dizia: Menina, chame sua mãe, por favor. E eu tinha prazer em dizer: Eu sou a dona da casa…
Nossa casa era grande demais somente para nós, os dois. Tinha um quintal que mandamos gramar, onde também plantei algumas flores vermelhas. Mas não dava para ficar muito tempo no quintal, principalmente no entardecer, por causa dos borrachudos, como eram chamados os malvados mosquitinhos que tinham uma picada superdoída.
Ah, eu saía do quintal cheia de calombos vermelhos, coçando e doendo, doendo muito… O Paulo chegava de seu trabalho no Hospital e espremia o caldinho das picadas. Eu não sei o que doía mais, se era a picada ou os dedos do Paulo espremendo minha pele…
Desde que chegamos, fomos apresentados aos irmãos da Igreja Presbiteriana e passamos a freqüentar aquela pequenina congregação regularmente. Começamos um trabalho com os jovens e realizamos o seu primeiro acampamento.
Dois anos antes, eu tinha feito o curso de liderança da Mocidade para Cristo e estava com o coração ardendo de vontade de trabalhar com os jovens e colocar em prática tudo o que aprendera em Belo Horizonte. Eles nos ensinaram a preparar as reuniões evangelísticas, chamadas Reuniões de Impacto e as de discipulado, chamadas Reuniões de Introspecção, para oferecer crescimento espiritual aos jovens da igreja.
O número de jovens e adolescentes da igreja era bem pequeno, e lançamos o desafio de convidarem seus colegas para uma reunião de impacto em nossa casa. Eu esperava uns 20 jovens, o que seria uma grande reunião, pois a igrejinha deveria ter uns 5 ou 6 jovens apenas… Mas, para minha surpresa, a casa foi se enchendo de tantos jovens, que eu orei ao Senhor: ou que Ele multiplicasse o lanche (pizzas) ou que parasse de entrar jovens em nossa casa…
Nossa permanência em Itanhomi não durou um ano, mas marcou muito a vida dos jovens e dos irmãos da Igreja Presbiteriana. Até hoje, temos alegres recordações desse tempo e conservamos fortes amizades, mas o maior presente que trouxemos de Itanhomi foi a pequenina Susie sendo gerada em meu ventre, acompanhando o início da carreira médica do pai e nosso crescimento espiritual e ministerial no interior…..