SINOPSE:
“Toda a terra que carrego nas veias” é um romance histórico, uma narrativa sobre três destinos que compartilham a terra seca do sertão cearense. Inicialmente ambientado em uma localidade imprecisa (há muito perdida na memória, talvez até imaginária) chamada Rosa de Pedra, conta a história de João do Benjamim, órfão, nascido pelo início dos anos 30 do século passado, vítima da violenta e severa estiagem sertaneja. Depois, narra os passos de seu melancólico filho, Pedro, que na flor da juventude se vê obrigado a deixar a terra materna para recomeçar a vida numa cidade chamada Fortaleza, tão estranha a tudo o que lhe era familiar. Por fim, conclui com a história de Laura, filha desaparecida de Pedro, fruto de um relacionamento extraconjugal, uma mulher com seus próprios conflitos em meio a tanta herança emocional. Elementos histórico-geográficos se fundem aos tão múltiplos traços da natureza humana, compondo um prisma de múltiplos relatos, em meio a quase um século de destinos sobre a terra árida ou à beira de um oceano lacrimoso. A religiosidade intrínseca ao cotidiano sertanejo, as peregrinações dos que não encontram descanso, a mitologia erguida em torno de Padre Cícero, as misteriosas predições ciganas, os ritos judaicos ocultos entre os cristãos-novos, as juras de amor e de morte, a eterna ânsia por chuvas, as saudades dos que partem para sempre, o vento noturno do Aracati, a poeira das estradas cheias de histórias, os malquistos rumores sobre o cangaço de Lampião, a força dos ressentimentos, o ultimato imposto ao Caldeirão do Deserto, os arrependimentos que se arrastam por toda uma vida, a sedição de Juazeiro, os reencontros que a vida proporciona, o êxodo rural, a solidão de homens e mulheres, o desnorteamento do sertanejo na cidade grande, a sensação de que os que vêm repetem as atitudes dos que já se foram, as marcas históricas da cidade alencarina, o mistério das constelações familiares, as dores de crescer sem pai ou mãe: tudo toma parte neste romance, que traz histórias comuns aos filhos da terra seca, desde tempos antigos até os mais contemporâneos. Em suas páginas o leitor se depara com a fome, que oprime os mais desvalidos, e a generosidade, presente mesmo no cerne de duras carestias; com a morte, que se disfarça de estiagem e de estranhas febres, e com a vida, que se refaz com as águas que descem dos céus, com a teimosia daqueles que insistem em nascer. Um relato para os que percebem a rapidez com que se escorre o tempo, transformando terras e homens em ruínas, em poeira, em histórias.
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