Livro: "Uma Solução Filosófica para o Problema de Sócrates"

No curso da análise, optamos por focar no diálogo de Platão, Laches, porque serve perfeitamente como um caso de teste para a leitura de um diálogo socrático, e a maioria das questões aqui levantadas pode ser extrapolada do presente, mais estreito, foco para um escopo mais amplo que inclui, sem dúvida, todos os diálogos altorísticos e talvez todos os diálogos em que Sócrates é a figura principal. Nosso objetivo é mostrar que, na interpretação de Sócrates, não é preciso impor significados ocultos, pistas esotéricas, mensagens implícitas, ideologias anacrônicas ou intenções subversivas sobre os diálogos platônicos, a fim de desbloquear seu significado “verdadeiro”, mas sim notar as próprias palavras e intenções explícitas de Sócrates como Platão nos apresentou e rastreá-los no trabalho em sua própria prática em conversa com os outros. A figura de Sócrates que emerge concorda com sua própria auto-apresentação dentro dos diálogos platônicos e com sua intenção declarada de salvar a si mesmo e aos outros através de uma prática vivida de cruzar as reivindicações ao conhecimento de supostos “especialistas”. Como deve ficar claro, isso diz respeito muito mais do que simplesmente refutar as pretensões vãs dos vaidosos e poderosos; tem a ver com salvar a nós mesmos e aos outros da culpa involuntária que caracteriza nossa condição de ignorância, uma culpa que se não for verificada ameaça destruir-nos, aos nossos entes queridos e às nossas comunidades, apesar de nossas melhores intenções e esperanças mais elevadas.