Livro: "(UN)Matches de uma vida como ela não é"

O jovem Alexandre é um rapaz brilhante, mas aos seus olhos ele é apenas mais um, tanto que ele se refere a si mesmo como Alexandre, o medíocre; uma piada com o seu xará histórico, uma figura que o personagem indubitavelmente admira.Alexandre é um jovem sobretudo sonhador. Ele vive uma espécie de utopia em sua mente. Fascinado por ciência e pela busca do conhecimento, tem um desejo de poder se aventurar, fugir da alcunha que ele se impôs “medíocre”. Assim, ele almeja ter uma experiência marcante assim como Charles Darwin. Em sua viagem histórica ao redor do mundo com o HMS Beagle. Alexandre tinha a convicção de que uma experiência como aquela transformaria a sua vida e poderia mudar o seu mundo. Assim, ele decide entrar na Marinha. Além de vislumbrar a experiência de vida de Darwin como uma espécie de bússola a lhe guiar, ele acredita que sendo militar poderá exaurir sua timidez e ter mais sorte com as mulheres – ser notado por elas. Sua falta de habilidade em interagir com as mulheres era sem dúvida uma espécie de nervo exposto que o incomodava profundamente. O rapaz brilhante não era nada bom nesse aspecto.
Sua ânsia de conhecimento, todavia era imensa. As vitórias do Almirante Nelson sobre a esquadra de Napoleão sobretudo na Batalha de Trafalgar, a qual tinha um apelo poético sobre Alexandre…aliado a beleza e imponência dos belíssimos uniformes que certamente resolveriam a sua “mediocridade”. Já lera em livros que a imponência e a intrepidez do oficial de Marinha era algo que enamorava e despertava paixões…Mas, a vida é uma caixinha de surpresas e a realidade presenciada por Alexandre foi diferente do que ele imaginara. Precisava lidar agora com a rotina do internato, com o isolamento do mundo externo e do convívio social.
Como uma forma de amainar a sua solidão, ele passa a utilizar aplicativos de namoro, tentando vencer aquela dificuldade inerente em se aproximar das garotas…o mundo tecnológico resolveria todos os seus problemas afinal.Todavia, suas experiências – com Lidiane e Laura, não se mostraram positivas, apesar disso, insistindo numa espécie de causa perdida ele continua – como um moderno Sísifo, até se deparar com Laís, que foi uma experiência totalmente transformadora e marcante na sua personalidade e na sua vida.
Um romance contemporâneo que reflete sobre a solidão, as relações líquidas e os aplicativos de namoro, as burocracias que não diminuíram em um mundo cada vez mais digitalizado e informatizado, a nossa dependência dos smartphones, a hipocrisia pública frente aos preconceitos velados e sobre a real natureza do amor.